segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

olá para todas,

Transcrevo aqui, o depoimento de uma paciente:

"Vou tentar resumir aqui a minha” via-crucis”, entre varios médicos,até chegar ao diagnóstico de endometriose, que me abalou, pelo que vinha como  consequencia. Menstruei aos 12 anos incompletos. Fazia esportes na escola e na faculdade. Nunca tive muita cólica, e meu fluxo era regular, de 4 dias máximo. No 1º.dia, havia certo desconforto, que sumia com um analgésico como tylenol 500 mg. Assim foi até mais ou menos 2002, quando piorei de uma fissura anal, com hemorróida, ambos operados em 1998. Em inicio dos anos 90, fui diagnosticada com cólon irritável, porque tinha diarréia aternada com intestino preso. Sentia gases, abdomen distentido, desconforto no baixo ventre. Ia ao WC sem regularidade. Sou uma pessoa ansiosa, mas isso nunca havia me atrapalhado, exceto até 1999, quando passei por um problema sério e dizendo vários médicos, somatizei. Bem, fiquei 95 dias com diarréia. A princípio achei que iria ter um câncer, mas depois de consultar 5 profissionais, de diversas áreas, fui parar no psicoterapeuta. Creio que o emocional contribuiu,pois as perdas nos fazem realmente doentes de corpo e mente, porém, eu já sentia que havia algo errado. Moro no Nordeste e certa vez, viajando a SP com meus pais, visitei um famoso gastroenterologista. O mesmo me pediu varios exames:colonoscopia (devido a minha queixa de muco nas fezes, dor à evacuação, gases, diarréia, dor na menstruaçao, dor na relação sexual, fluxo menstrual diferenciado – eu diria, com aparência de “aguado”. O vermelho caracteristico parecia desbotado. Meus exames NUNCA mostraram nada demais. Fiz check-up completo com US de abdomen, pelve, exame da tireóide, endoscopia, sangue completo, enfim...isso foi repetido 3 anos consecutivos. Mudei de ginecologista e passei a me consultar em SP, nesta área, pois antes havia morado no RJ e lá é que fazia meu preventivo. Certa vez, cheguei a realizar aquele horrível e doloroso exame chamado videohisteroscopia. Um horror! Lá foi visto um mioma submucoso, dentre outros.Porém, quando fiz minha cirurgia em 2009, o útero já estava enorme , quase duplicado, com comprometimento de trompas e ovários. A endometriose se espalhara até o intestino, sim, o que me levou a 5 colonoscopias, sem que houvesse uma conclusão do diagnóstico. Minhas queixas eram mais intestinais , que propriamente ginecológicas, exceto pela dor à penetração. A vida sexual ficou uma porcaria, fui deixando-a de lado, me abandonando bastante durante os anos seguidos. Nenhum ginecologista me explicava por que até os exames preventivos estavam dolorosos. Meu proctologista, me fazia todos os anos, exames do reto-sigmóide e também NADA era visto demais no exame (detalhe que minha endometriose é do tipo profunda, com 8cm de distancia da borda anal). Quando fiz minha cirurgia, quase precisei retirar um pedaço de 20 cm dos meus intestinos, para me livrar das lesões dolorosas do SIGMÓIDE.São 3: duas coladas entre si e uma aderida à área reto-cervical, pelo que entendi. Sei  que preciso ainda fazer isto, mas tenho receio.Enquanto isto, vou sendo forçada ao ridículo de dores ao exame ginecológica, e pior: minha vida sexual ficou sem qualidade, comprometida. Melhorei bastante das dores, dos comprometimentos intestinais, mas a memória da dor permanece e é muito desagradável. Não me vejo mais tendo uma vida sexual normal. Creio ter começado a sentir dores há uns 12 anos. De lá para cá, só há 2 anos atrás fui diagnosticada. Isso me dói, por pensar que poderia ter evitado a mutilação. Não sou mãe e sou muito estressada pela minha atividade empresarial. Porém, posso me considerar super disciplinada e cuido muito da minha alimentação. Fiz histerectomia total há quase 2 anos. Tenho uma excelente médica ginecologista, que me indicou a competentíssima e especialista em endometriose, Dra. Luciana Chamié,  para realizar exames de ultra-sonografia transvaginal com preparo intestinal, quando suspeitou da doença. O exame demonstrou a presença de lesões compatíveis com focos de endometriose, assim como os detalhes em relação às dimensões e localização destes focos. Eu sabia que havia algo errado, e que eu assistia piorar. Eu tinha dores à evacuação, tendo muitas vezes que procurar posição no vaso sanitário, para não sentir tanta dor. Minhas fezes eram estreitadas, finas. Eu sentia ao me agachar no banho, que havia uma massa esquisita no períneo. Sempre que eu defecava, aliviava a dor. Quando comia, pesava e sentia muito desconforto. Tive perdas sérias na vida e um ano e meio antes do diagnostico que confirmou a doença, eu perdi meu pai, a pessoa que mais amava no mundo. Foi um período muito duro e que coincidiu com a piora da doença. Então, penso que há a doença em si, mas o estresse é o combustível que a alimenta, sem dúvida. Espero que essa historia ajude as mulheres a não chegarem ao extremo da mutilação, nem a perda de um rim, ou pedaço do intestino por causa da endometriose".
m.p.

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